Oração - Pai Nosso

Pai Nosso, que estais no Céu. Santificado seja o Vosso Nome. Venha a nós o Vosso Reino. Seja feita a Vossa Vontade, Assim na Terra como no Céu. O Pão-Nosso de cada dia nos daí hoje. Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do Mal. Amém

Notícias

terça-feira, 20 de novembro de 2012


Fantasia
Beatriz de Almeida Reis


Quando te vi assim, sorrindo
Senti que era você
E que mesmo sem saber
Crescia dentro de mim
Um desejo de te ter
Um calor, um amor.
Será? Não consigo descrever
Sei que é mais forte que tudo
Tudo que um dia já senti
E que batia dentro do meu peito
Acelerado, queimando feito chamas
E cada vez mais desabrochava
Como uma flor suave
Cantava com a harmonia
 De  um beija flor
Sem que eu pudesse controlar
Sem que eu pudesse esconder
Fiquei de mãos atadas
E declarei-me pra você.
Mas, você me disse não
Você me disse não
E o amor que por ti sentia
Crescia a cada dia.
Enquanto chorava
Das palavras duras
Que teus lábios diziam
Você simplesmente sorria
Nós dois éramos apenas uma fantasia
Sempre em meus pensamentos
Trancada no meu quarto
Imaginando tua pele macia.
Acariciando a minha.
Mas, você me disse não.
Você me disse não
E o amor que por ti sentia
Crescia a cada dia.
Enquanto chorava
Das palavras duras
Que teus lábios diziam
Você simplesmente sorria
Nós dois éramos apenas uma fantasia
Sempre em meus pensamentos
Trancada no meu quarto
Imaginando tua pele macia.
Acariciando a minha.

Minha escola, minha vida...


A Escola dos sonhos de Vincent

Beatriz de Almeida Reis

        Meu nome é Vincent, tenho nove anos, Estudo na Escola Municipal D. Pedro I, na cidade de Caxias-MA. Estudo nessa escola desde os sete anos de idade. Meus irmãos mais velhos também estudaram lá. Todos os meninos da minha idade passam por esta escola.
     Meu sonho era poder estudar em outro lugar, escolas bonitas, com aqueles uniformes com casaco, enfim,. Sei que isso é apenas um sonho e que não será realizado, pois quase não há verbas para o prefeito da cidade investir em educação. Sei também que dificilmente conseguirei competir em pé de igualdade com alunos que tiveram a oportunidade de frequentar boas escolas como as de São Paulo-SP, Rio de Janeiro-RJ, Teresina-PI ou de Brasília-DF.
   Dom Pedro I é uma escola boa, eu gosto, mas poderia ser melhor. É uma escola pequena, tem um pátio onde concentra todos os alunos em fileiras para rezar o pai nosso e depois cantar o hino nacional. É no pátio que brincamos na hora do recreio. Tem também uma pequena cantina onde é feito o lanche. Para chegar as salas de aula tem um corredor de mais ou menos um metro e meio de largura. A diretoria e sala dos professores ficam próximo aos banheiros masculino e feminino e de frente ao pátio. É uma escola limpa organizada. Na frente tem uma praça bem cuidada e bonita. Minha escola é bem pequena, mas gosto de lá mesmo assim. Os professores são bons e dedicados. As vezes fico imaginando como é estudar numa escola grande, como às que vejo na televisão.
     A escola dos meus sonhos tem um lindo jardim, plantas, áreas de lazer, laboratório de informática, ar condicionado nas salas de aula, carteiras confortáveis, biblioteca, quadro em acrílico, música na hora do recreio, momentos com as famílias, piscina, teatro, aulas de música, dança, esportes, judô, balé, campeonatos esportivos, e etc.
     Na escola dos meus sonhos os professores são felizes e não reclamam do salário que ganham.

Computador: o sonho de toda criança

Sempre quis ter um computador, mas não tinha condições nem para um par de sapatos para ir à escola, imagine ter um computador. Mas, na escola dos meus sonhos todas as crianças tinha acesso a computadores e internet. Na escola dos meus sonhos o computador era para ser usado pelos alunos e não para enfeitar a sala da diretora. Como é bom poder usar um computador nas aulas, conhecer pessoas de outros lugares e poder falar com elas. É triste saber que poucos desfrutam de tudo isso, e que muitos não têm uma escola para estudar, fazer amigos, aprender coisas novas, brincar. Por que Deus não fez escolas pra todas as pessoas? Porque muitas crianças têm que trabalhar em vez de irem para escola?




No ponto de ônibus
                                                           Beatriz de Almeida Reis

Seis horas da manhã. Meu Deus! O que aconteceu com esse bendito despertador que não tocou. Ai, ai vou chegar atrasada no trabalho. Logo hoje, meu Santo Pai do céu.
Toalha, cadê a minha toalha que estava aqui? Eu mereço. Não encontro a toalha.
- Encontrei. Corro para o chuveiro. Ahhhhhh! Socorro o o o o o
- Jesus Cristo, quanto mais eu rezo mais assombração me aparece. Chuveiro queimou. Ah não! Era só o que me faltava. Tomar banho com agua fria? Nem morta, o jeito agora é colocar água no fogo para esquentar. Isso vai levar um tempo, mas é melhor que água fria. Eita vida. Um dia ganho na mega sena,  fico rica e acabo com esse sofrimento. Mas, como vou ganhar se nem jogo? Impossível.
- Ah! Tem o capital cap, eu compro toda semana. É uma cartela de bingo e custam três reais. Geralmente são sorteados carros e prêmios em dinheiro. O valor do prêmio mais alto é de sessenta mil reais, pouco, mas dá para pagar as contas, as prestações de todo mês.
O ônibus, só daqui a meia hora agora. Não tenho mais cara de dar a mesma desculpa. Parece até que a gente tá mentindo. Só quem anda de ônibus sabe o que é isso.
Todo dia a mesma coisa. Quando chego explico para o patrão o que aconteceu, que perdi o ônibus, no outro dia que o ônibus quebrou, no dia seguinte ele não passou. Quem vai acreditar numa estória dessas? Ninguém, mas infelizmente é verdade, é comum acontecer essas coisas sim. Fazer o quê? Não posso é inventar mentiras, mesmo que o chefe não acredite nas minhas desculpas é sempre bom falar a verdade.
- Marina, tudo bem?
- Tudo e você?
- Menina, nem te conto. Perdi o ônibus outra vez. E você não vai trabalhar hoje?
- Vou fazer uns exames de rotina. Minha patroa viajou, aproveitei para me consultar e resolver umas coisas minha.
- E no trabalho, tá tudo bem?
- Está sim, mas estou pensando em procurar outro, porque o salário que ganho não está dando pra nada.
Estou devendo tanto, não sei como vou pagar essas dívidas. Pobre não tem nada, só conta para pagar. Estou devendo no mercado do seu João, a farmácia, até na padaria. Quando chega o fim do mês já acabou tudo, arroz, feijão, café.  E o salário mal dá para comprar o básico do básico.
- Na verdade, a gente não vive, sobrevive.
- E agora o Joaquim sem sapatos para ir à escola.
- O que aconteceu com os sapatos dele?
- Rasgou. Ele não foi a escola ontem, nem hoje. Não sei o que vou fazer, meu filho é tão estudioso, não pode ficar sem ir para escola. É a única coisa que nós pobres podemos deixar para os filhos.
Olha Marina, se você quiser posso ver com a minha patroa. Ouvi ela dizer que ia dar umas roupas e uns sapatos do Eduardo porque não estavam servindo mais nele. Ela já até deixou separado. Vou ligar pra ela e perguntar se posso pegar para dar ao Joaquim. O Eduardo tá crescendo e muita coisa já não serve nele, se você não se importar.
- Claro que eu quero mulher. Eu bem sei como é roupa de rico. Eles só usam uma vez e largam lá. E eu Não sei quando vou poder comprar roupas e sapatos para o Joaquim.
- Garanto a você que as roupas são quase novas, seu filho vai gostar. Se meu filho, Francisco, fosse maior eu pediria dona Sofia às roupas para ele, mas não serve.
Pobre só compra roupa, uma vez no ano, em dezembro para as festas de natal. E olhe lá, tem pessoas que nem no final do ano. Conheço gente que passa a vida inteira usando roupas usadas dos outros.
O ônibus, graças a Deus.
Vou com você. Esse ônibus passa próximo ao hospital.
Então vamos.
Sabe Maria José, às vezes fico pensando em largar esse trabalho e sei lá, fazer outra coisa.
- O quê? Você não gosta do que faz Marina?
- Gostar, gostar, assim não gosto não gosto não, mas preciso dele. Sem esse trabalho as coisas seriam bem pior, tenho consciência disso. É que chega um momento que a gente cansa e quer batalhar em outra coisa. Quer ter uma vida melhor. Queria mesmo era poder ter o meu próprio negócio, ter meu dinheiro, ficar mais tempo em casa com meus filhos. Com essa correria do dia a dia mal temos tempo para nossa família.
Minha mãe era costureira e me ensinou a costurar. Se eu tivesse como comprar umas máquinas trabalharia em casa confeccionando roupas e vendendo. Com o tempo abriria uma lojinha em casa mesmo.
- Tá revoltada com a vida Marina?
- Não, estou é muito triste, mas tenho fé que isso tudo irá mudar um dia e serei feliz. Vou poder dar aos meus filhos tudo que eles precisam para viver bem e com dignidade.
- A próxima parada é a minha Maria José. Hoje vou ouvir até do chefe. Até mais.
Marina chega ao trabalho.
- Bom dia!
- Boa tarde! Chegando atrasada de novo dona Marina?
- Seu Carlos é que....
- Não me diga que perdeu o ônibus, ou que ele não passou, que quebrou. Essas suas desculpas já não colam mais. Vou descontar cada minuto de atraso no seu salário, assim você aprende a chegar na hora.
Uma semana depois.
- Oi Marina!
- Oi Maria José, tudo bem? Obrigada pelas roupas e sapatos que mandou para o meu filho Joaquim. Ele gostou muito e pediu pra agradecer.
- Que bom que ele gostou. Isso prova que ele é um garoto de bem, que não tem problema em usar roupas usadas. E você, como está no trabalho? Dona Sofia não vai para empresa hoje, então disse que eu podia chegar mais tarde. E você não vai chegar atrasada?
- Não. Hoje vou pedir demissão.
- O quê? Demissão? Como assim?
- Sabe aquele bingo, o capital cap, compro toda semana, as vezes deixo de comprar o feijão para apostar na sorte. E dessa vez não é que consegui?
- Sério?
- Sério. Ganhei sessenta mil reais. Agora vou realizar meu sonho. Vou comprar três máquinas, uns tecidos, linhas e o restante vou abrir uma conta poupança. Estou tão feliz Maria José em poder realizar meu sonho, você nem imagina.
- Parabéns amiga, você merece tudo de bom. Então, você está indo só para pedir as contas? 
- É vou pedir contas sim.
- Queria ser um mosquito daqueles bem pequenos só para ver a cara daquele velho rabugento do seu Carlos quando você falar que não vai mais trabalhar pra ele. Velho asqueroso, pão duro.
Marina chega ao trabalho e diz:
- Bom dia!
- Paula o senhor Carlos já chegou?
- Já sim Marina ele está no escritório e furioso com seu atraso.
- Vou lá falar com ele.Diz Marina.
- Chegando atrasada de novo dona Marina?
- O que foi dessa vez? Não me diga que perdeu o ônibus, ou que ele não passou, que quebrou. Vou descontar cada minuto de atraso no seu salário, assim você não se atrasa mais.
- Nunca mais vou me atrasar, pode ficar tranquilo seu Carlos.
- Não vai mesmo porque da próxima vez eu ponho você no olho da rua.
- Eu não vou mais me atrasar, porque não vou mais trabalhar para o senhor.
- O quê? Perguntou ?
- Isso mesmo que o senhor ouviu. Estou me demitindo. Passei aqui para comunicá-lo e agradecê-lo por tudo. Esse não foi o melhor trabalho da minha vida, não fui feliz aqui, mas agradeço a oportunidade. O tempo que passei aqui me fez refletir sobre muitas coisas e uma dela é que o senhor não merece uma pessoa como eu trabalhando para você. O senhor é grosseiro, incompreensível, mal educado, ranzinza, não sabe tratar as pessoas com respeito. Pensa que porque a gente é pobre tem que se sujeitar as suas humilhações.  E não se preocupe, não vou morrer de fome. Tenho saúde, coragem para trabalhar e muita fé em Deus.
- Ah! Seu Carlos quando a documentação estiver pronta me avise, aqui está minha carteira de trabalho para o senhor dá baixa. Até outro dia. Que Deus lhe abençoe sempre.























quinta-feira, 15 de novembro de 2012

MUITO FÁCIL DE FAZER



















O Papel do Orientador Educacional nas Escolas Públicas de Ceilândia-DF


Beatriz de Almeida Reis[1]
Angélica Crispim[2]


Resumo


O presente trabalho tem como escopo relatar fidedignamente o papel do orientador educacional nas escolas públicas de Ceilândia-DF. Para tanto, fez-se inicialmente uma pesquisa bibliográfica a cerca do tema abordado, em seguida realizou-se uma entrevista através de questionário com alguns orientadores educacionais das escolas públicas de Ceilândia  com intento de conhecer o papel do orientador educacional no âmbito escolar, tendo em vista, que este profissional tem sido visto, tradicionalmente, e tem - se visto como um profissional, cujo papel principal é atuar com os educandos.


Palavras-chave: Papel. Orientador. Educacional. Escolas. Ceilândia.


Introdução


No contexto da educação brasileira estudos e pesquisas tem dedicado pouca atenção no que concerne ao trabalho do orientador educacional.Os problemas educacionais são complexos e demandam visão global e abrangente, assim como ação articulada, dinâmica e participativa.
Neste contexto, recai sobre a escola maior peso de responsabilidade sobre a educação que se deseja alcançar, educação de qualidade, comprometida com a formação de sujeitos críticos e aptos a intervir no meio social à qual estiverem inseridos. No interior da escola há vários profissionais que sistematizam, que buscam de fato a excelência da educação. Entre eles estão os orientadores educacionais.
Cabe salientar que os orientadores educacionais devem ser o vínculo da união entre a escola e a comunidade local, garantindo plena integração de interesses e objetivos. A qualidade da escola passa, sem dúvida, pela qualidade de seus orientadores educacionais.
Nos dias atuais é preciso que o orientador  tenha um novo perfil, com especial atenção às diversas demandas sociais que surgem, é essencial que tenham, também, novos conhecimentos e habilidades para que possa dar conta dessa educação que é responsabilidade de todos. O envolvimento de professores, equipe técnico-pedagógico, funcionários, alunos, pais e comunidade, devem formar um jeito diferente de compreender o papel da sua escola.
Grinspun (2006)diz que a orientação, hoje, caracteriza-se por um trabalho muito mais abrangente,no sentido de sua dimensão pedagógica.Possui caráter mediador junto aos demais educadores, atuando com todos os protagonistas da escola no resgate de uma ação mais efetiva e de uma educação de qualidade nas escolas.
Partindo do pressuposto da grande importância da orientação educacional como condição de promoção da qualidade do ensino, pelo enriquecimento que podem e devem prestar na construção de um processo educacional amplo e pleno, sentiu-se a necessidade de reforçar o trabalho integrado em equipe técnico – pedagógica da escola que se torna mais necessária para o desenvolvimento da educação, cada vez mais vital para a sociedade, ao mesmo tempo que cada vez mais complexa, tendo em vista a realidade em que estas estão inseridas e as repercussões apresentadas em seu interior.
Nesta dimensão o trabalho cientifico aqui delineado apresenta como tema: O papel do orientador educacional nas Escolas Públicas de Ceilândia-DF. Partindo do seguinte problema: Qual o papel do orientador educacional e como este profissional deve atuar no ambiente escolar, a fim de desenvolver um trabalho satisfatório, e, consequentemente, contribuir com uma educação de qualidade para o ensino público? O trabalho tem como objetivo fazer uma abordagem analítica sobre a o papel do orientador educacional nas escolas públicas de Ceilândia-DF.
Este trabalho está estruturado em primeiro momento na revisão de literatura sobre o papel do orientador educacional nas escolas públicas de Ceilândia-DF. No segundo momento analisa os resultados da pesquisa realizada com orientadores educacionais que estão atuando no interior das escolas da Rede Pública de Ceilândia-DF.





A trajetória da orientação educacional no Brasil


A Orientação Educacional tem sua história de desenvolvimento ligada à da Psicologia, que data do século XVI e procurava através de psicotécnicas traçar aptidões correlacionadas a atividades específicas (Grinspun, 1992). Seu desenvolvimento como função específica dentro do contexto escolar se dá no rastro dos avanços da Psicologia; no entanto, é preciso considerar que a noção sempre se fez presente na Educação, tendo em vista que a educação em si se propõe à orientação do ser. Até a década de 1920, a Orientação Educacional no Brasil constituía-se de atividades esparsas e isoladas, em que se fazia presente o cunho de aconselhamento, ligado a uma moral religiosa. A partir da década de 1920, com o desenvolvimento urbano-industrial, houve a necessidade de formação para essa nova realidade de trabalho. O ensino profissional foi sendo implementado e, com ele, a Orientação Educacional, serviço que poderia adotar uma linha de aconselhamento vocacional.
O Serviço de Orientação é tornado oficial pelo professor Lourenço Filho, diretor do Departamento de Educação de São Paulo, Brasil, surgindo assim o primeiro Serviço de Orientação Educacional e Profissional. No entanto, esta experiência teve uma duração curta, sendo extinto o serviço em 1935.
O orientador educacional surge em um momento de muita agitação e insatisfação, por parte do povo com relação ao sistema econômico. Naquela época a escolaridade era vista, por uma crença ingênua, com meio de mobilidade social.O Orientador educacional seria aquele que iria reforçar a ideologia das aptidões naturais,ou seja cada um em seu lugar com seu esforço e suas capacidades e suas responsabilidades.(MAIA e GARCIA.1995.P.13)

As leis orgânicas de 1942 a 1946 são marcos no desenvolvimento da Orientação Educacional: a preocupação com a qualificação profissional se atrelava à redefinição político-econômica em curso, comprometendo os diferentes setores da economia com a formação do seu trabalhador, o que desembocou na criação do Senai e do Senac. Nesse contexto, a Orientação Educacional ganhou visibilidade e foi legalmente instituída, tornando-se obrigatória no ensino secundário, primando aí pela orientação vocacional.
No período pós-1964, durante a ditadura militar, o curso de Pedagogia sofreu reformulações para adequar-se aos princípios vigentes na época. Alterou-se a formação do técnico generalista e foram criadas as habilitações. Após um núcleo comum de matérias relacionadas aos fundamentos da Educação, haveria a opção por uma das habilitações possíveis ao pedagogo, aprofundando os conhecimentos numa determinada área: Supervisão, Orientação, Administração, disciplinas das matérias pedagógicas foram as habilitações criadas nessa reformulação.
Essa divisão, fruto de uma divisão técnica do trabalho escolar, contribuiu para que a Orientação Educacional entrasse num movimento de profissionalização; a criação das associações de supervisores e orientadores data da década de 1970. Inseridos numa concepção tecnicista da Educação, caberia a eles o controle sobre o processo que se desenvolve na escola, de forma a assegurar sua eficiência; enredavam-se cada vez mais em atividades de cunho burocrático.
Na década de 1980/90, vivia-se uma efervescência em torno da atuação/formação docente. O ponto central do embate estava na defesa da docência como base da formação. Como esta era a fundamentação da base comum nacional proposta para o curso de Pedagogia, a polêmica girava em torno da identidade do curso, dos sujeitos formados neles e dos saberes dessa formação. Ao defender a docência como base da formação, o movimento de educadores opôs-se frontalmente às habilitações. A Anfope (Associação Nacional de Profissionais da Educação) se organizou, com base na defesa da ampliação do papel do docente, assumindo este a direção do processo educativo como um todo. Isso se deu também com a adesão do movimento de supervisores e orientadores educacionais, antes organizados em entidades próprias. Não sem embates, mas por vontade da grande maioria das forças regionais, as associações de supervisores e orientadores educacionais se extinguiram; seus membros passaram a fazer parte da Anfope como profissionais da Educação, reiterando a defesa dos postulados desta.
A partir de então, as funções de supervisor e orientador ficaram descaracterizadas. A problematização em torno da questão é grande. Libâneo discutiu as ideias defendidas pela Anfope, que centralizavam na docência a identidade do curso de Pedagogia e do pedagogo. Refutava essa posição, diferenciando o docente do pedagogo strictu sensu, como ele chamava o profissional a ser formado, distinguindo-o a partir da explicitação das diferenças entre o trabalho pedagógico e o trabalho docente. Sustentava seus argumentos na demonstração que fez da necessidade da atuação de profissionais da educação em funções não diretamente docentes. Defendia então que, por questões conceituais, a Pedagogia poderia abranger a docência, mas não se reduzir a tal aspecto.
Libâneo e Pimenta (1999); refutam a ideia da docência como fundamento de identidade do curso de formação dos profissionais da Educação. Argumentam que essa defesa incita uma descaracterização do curso e dos saberes pedagógicos, reduzindo-os à docência, numa compreensão do pedagógico em geral como metodológico.
Contudo, as atuais Diretrizes Nacionais para Pedagogia (2006) a definem como curso de licenciatura plena, superando a fragmentação da visão de especialista x docente e a problemática das habilitações, reforçada também pela definição de que as atividades docentes incluem a participação em ações de planejamento e gestão em espaços escolares e não-escolares. Assim, vê-se – em consonância com as propostas defendidas pela Anfope – que a formação deve abranger a complexidade do fazer pedagógico, ampliando a concepção de docência, sendo necessário que esta se sustente sobre uma sólida formação.
Diante desse horizonte histórico de desenvolvimento das funções do orientador, encontramo-nos hoje num momento de busca por uma reconceitualização do que vem a ser orientador. A busca por uma ressignificação desses papéis no contexto escolar e na formação docente revela a importância dessas funções no cotidiano escolar. Isso é percebido no Projeto de Lei 838/07, do deputado Marcos Montes (DEM-MG), em tramitação na Câmara, que obriga as instituições de pré-escola, ensino fundamental e ensino médio com 300 ou mais alunos a manter um profissional da educação de nível superior habilitado em Orientação Educacional. Escolas menores poderão dividir o tempo do mesmo profissional.
Para tanto, é preciso ter em vista que esse movimento é recente; ainda hoje, a visão do que vem a ser orientação está atrelada aos significados construídos historicamente: o de um profissional que atua sobre um outro. Essa visão, ainda tão presente no cotidiano escolar, indica caminhos de uma hierarquização do trabalho no cotidiano escolar a partir da condição de ser possuidor ou não de alguns conhecimentos. Nesse modelo, o orientador, ao se debruçar sobre esse cotidiano em desenvolvimento, analisa-o e o altera, como se só ele fosse capaz de enxergar as dificuldades encontradas e de propor alternativas a elas.
Se é importante a defesa de profissionais da educação que desenvolvam trabalho pedagógico não docente nas escolas, é preciso ter claro também que o que se espera deles é um trabalho de ação compartilhada, para além do aconselhamento ou orientação profissional. Sem pretender esvaziar o trabalho da Orientação Educacional, o que se faz premente é repensá-lo sob novas bases, no desafio da constante construção dialógica, considerando que esse outro – professor-aluno (sujeito, com história, construtor de conhecimentos) – é um ser com experiência e saberes que constrói a partir da sua história. Pensar outro modo de olhar esse outro é ele estabelecer um verdadeiro diálogo na emergência de pensar novas formas de atuação, em que a educação não seja democrática apenas naquilo que ambiciona desenvolver com os alunos, mas seja gerada num fazer-se também democrático.


ÉTICA PROFISSIONAL (Princípios Éticos na atuação do Orientador Educacional)


Trabalho de um orientador educacional reveste-se de grande importância, complexidade e responsabilidade e, para que seja realizado a contento, exige-se muito desse profissional, não só em termos de formação, de atualização constante e de características de personalidade como também de comportamento ético.
Embora não haja um código de ética elaborado especificamente para o Orientador Educacional, como todo profissional, ele deve ter sua atuação pautada por princípios éticos. O comportamento ético em relação às informações sobre alunos, funcionários, e pessoas da comunidade, é um dos principais aspectos a serem considerados.
Como a interação do Orientador Educacional com os orientados se caracteriza pelo seu caráter de relação de ajuda, tanto o aluno pode expor, espontaneamente, fatos ou situações de cunho pessoal ou familiar, como o Orientador pode necessitar fazer indagações sobre a problemática em questão. Esses dados, por serem de fato sigiloso ou confidencial, não devem ser alvo de comentários com outras pessoas, quaisquer que sejam as circunstâncias. Esse cuidado é de vital importância porque a condição básica para o estabelecimento de uma relação de ajuda eficiente é a confiança.
O sigilo das informações constantes dos prontuários dos alunos deve ser igualmente preservado. Assim, questionários preenchidos com dados mais íntimos sobre o aluno e seus familiares; resultados de entrevistas e de testes e opiniões de professores sobre determinado aluno devem ser mantidos fora do alcance de pessoas que, propositada ou eqüidistante, neutro e procurar acirrar os ânimos, mas, sempre que possível, acalmar as partes, buscando o entendimento entre elas, negociando soluções que, ao contentar à todos, restabeleçam o necessário equilíbrio.
O mesmo comportamento ético deve ser observado quando alguns motivos, como busca de status, de poder ou de prestígio,acabem de manifestando e envolvendo os profissionais em dispostos ou tramas pessoais. Nessas ocasiões, informações verdadeiras ou não podem ser usadas indevidamente para prestigiar ou prejudicar uns e promover ou favorecer outros.
É importante, ainda, ressaltar, além do comportamento profissional, alguns aspectos éticos de sua conduta pessoal, pois, devido a multiplicidade de interações que estabelece com as pessoas, que queira, quer não, ela acaba por tornar uma figura muito exposta, conhecida e visada, na escola e na comunidade. Ressalte-se, também que, ao interagir com pessoas de diferentes faixas etárias, status e nível sócio-econômico-cultural, seu comportamento estará sendo observado, podendo até vir a servir de modelo para alguns, o que vem aumentar uma  conduta ética irrepreensível. Portanto, o Orientador Educacional, deve Ter descrição em sua vida pessoal, em público, mesmo quando fora do local ou horário de trabalho, a fim de que sua imagem seja sempre preservada de comentários desabonadores ou comprometedores. Na instituição escolar, como um todo, dado a natureza do processo educativo, é importante que sejam observados princípios éticos e, em particular na área de Orientação Educacional, é imprescindível que tais preceitos sejam rigorosamente seguidos.
Os grupos sobrevivem quando estabelecem trocas com a coletividade num intercâmbio que leva ao mútuo enriquecimento. Assim o grupo constitui e consolida um código que lhe assegure a unidade. Todos os profissionais vivem esta dinâmica. Os direitos, os deveres, os privilégios os congregam, emprestam rigidez aos laços de união, reforçam os caracteres comuns. Pela formação de uma consciência profissional, pontos falhos poderão ser sanados e pouco a pouco teremos uma classe mais respeitada, conceituada e consolidada.


O papel do orientador educacional


A orientação educacional, assim como a supervisão escolar, tem recebido enfoques variados. Tradicionalmente, o orientador educacional tem sido visto e tem - se visto como um profissional, cujo papel principal é atuar com os educandos. Assim é que a orientação é definida como um método pelo qual o orientador educacional ajuda o aluno, na escola a tomar consciência de seus valores e dificuldades, concretizando principalmente através do estudo, sua realização em todas as suas estruturas e em todos os planos de vida. Em vista disso, o mesmo faz levantamentos de dados (sondagem de aptidões), realiza sessões de orientação e de aconselhamento e desempenha uma série de funções de maior ou menor importância, relacionadas com a concepção  do atendimento ao educando.
Dentre todas essas atuações o aconselhamento tem sido considerado como a principal e mais importante. No entanto, a fundamentação, habilidade e eficácia de tal papel na escola têm sido largamente questionadas recentemente, face a dificuldade de o orientador educacional demonstrar, objetivamente, que, dedicando grande parte do seu tempo e contribui da melhor maneira possível para o atendimento da problemática do educando. Vejamos:
Os modelos e técnicas de aconselhamento utilizado em orientação educacional desenvolveram-se originalmente no âmbito da psicoterapia, e implicitamente assumem a noção de que o indivíduo e não o ambiente em que faz parte é que deve modificar-se, pois é ele, indivíduo, e não o ambiente que está perturbado, doente ou com problemas. De fato, observa-se facilmente a transposição de tal concepção em posições assumidas pelo orientador educacional na escola, posições estas que correspondem a expectativas de pessoas que participam do processo educativo. Por exemplo, o aconselhamento é mais comumente utilizado em casos relacionados com indisciplina (Lück, 1979) e a prática freqüente é do aluno ser encaminhado à orientação educacional com a expectativa implícita de que o mesmo seja modificado, corrigido. A suposição implícita é de que o aluno está a causa do problema. Tal procedimento não reconhece que, muitas vezes, comportamento inadequado do educando são causados, dentre outros, por disfunções ambientais como, por exemplo, currículos e programas inadequados às suas necessidades e condições individuais, regulamentos inflexíveis, ou insensibilidade de professores e adultos em geral à individualidade do educando.
Além da parcialidade com que vê a situação do aluno, tal posição assumida incorre em erro por chocar-se com os princípios do próprio aconselhamento quanto a aceitação e compreensão do educando.
Os modelos e técnicas de aconselhamento desenvolveram-se principalmente mediante sua aplicação com clientes adultos e voluntários. A viabilidade de sua aplicação com outro tipo de população  na escola, a criança e o adolescente geralmente não voluntários, necessita ser evidenciada  empiricamente.


Quanto a argumentação lógica, questionam-se:


Que o relacionamento naturalmente desigual entre orientador educacional e aluno (adulto-criança, adolescente) deixe de influir no educando como tal, mormente em nossa cultura em que o adulto é naturalmente visto como autoridade pela criança, independentemente da posição que ocupe em relação a ela (Sheibe e Spaccaquerque,1976);
O aconselhamento individual e mesmo em grupo, como forma principal de atuação em orientação educacional, obriga a uma proporção relativamente pequena de alunos por orientador educacional. Idealmente esta proporção é de 450 alunos por orientador educacional nas escolas de ensino de 1º grau. Tal proporção, já considerada impraticável em países desenvolvidos como norma sistêmica, mais ainda é o entre nós, ainda mais considerando-se a crescente necessidade de expansão das redes públicas do ensino.
Numa escola com números elevados de alunos em  proporção a orientadores educacionais, em que se adotem as funções de aconselhamento como forma principal de atuação , ocorre certamente o atendimento de uns poucos alunos, ficando a maioria deles sem receber os benefícios da orientação educacional. Mais ainda, pressionados pelo tempo  limitado, dada a sobrecarga  de alunos, tentará o orientador educacional a abreviar a duração e o número  das sessões de aconselhamento com cada aluno e, inadvertidamente, o orientador poderá forçar um ajustamento prematuro e artificial.
Para Luck, 1978, O atendimento individual ao educando, que vem caracterizando a orientação educacional, fundamenta-se no pressuposto de que os educando tem necessidades especiais e que os professores não estão preparados ou não tem condições para atendê-las. Segundo esse enfoque o orientador educacional presta serviços na medida em que emergem as necessidades.

Tal concepção de prestação de serviços e atendimento direto ao educando, de acordo com a emergência de necessidades psicoemocionais, parece Ter gerado uma mudança na abrangência e sentido do papel do professor em relação ao aluno. Observa-se, por exemplo, que, quando o professor percebe que algum aluno seu tem dificuldades especiais, encaminha-o para o orientador educacional a quem transfere a responsabilidade de resolvê-las. Ora, o professor é figura central na formação do educando. É ele quem forma o aluno o gosto ou desgosto da escola; a motivação ou não pelos estudos; o entendimento da significância ou insignificância das áreas e objetivos de estudo; a percepção de sua capacidade de aprender, de seu valor como pessoa, etc. Da qualidade do relacionamento interpessoal professor-aluno, de responsabilidade do primeiro, depende, dentre outras coisas, o ajustamento emocional do aluno em sala de aula e na escola. Portanto, não se concebe a eficácia de uma ação para sanas dificuldades dos alunos em sala de aula sem a participação do professor.
Em vista dos problemas expostos, preconiza-se que o orientador educacional assuma funções de assistência ao professor, aos pais, às pessoas da escola com as quais os educandos mantêm contatos significativos, no sentido de estes se tornem mais preparados para entender e atender às necessidades dos educandos, tanto com relação aos aspectos cognitivos e psicomotores, como aos afetivos.


Metodologia


A cidade administrativa de Ceilândia-DF possui o maior contingente populacional do estado, bem como um alto índice de pobreza e violência. Para realização deste trabalho buscou-se abordar dados que possam contribuir com a problemática aqui apresentada, tendo em vista que uma pesquisa precisa promover o confronto entre os dados, informações coletadas e o conhecimento teórico. Para tanto, vale ressaltar que este trabalho iniciou-se com a necessidade de fazer uma abordagem concernente a orientação educacional nas escolas públicas de Ceilândia-DF.
Utilizando-se de uma pesquisa quanti-qualitativa  elaborou-se o marco teórico, inicialmente identificando-se e compilando as fontes mais relevantes; depois fez-se fichamento, finalmente análise, interpretação e elaboração textual, confrontando-se posições e extraindo as conclusões. A pesquisa constituiu-se num momento de grande importância, pois foi através desta que se buscou um embasamento teórico sobre a temática: o papel do orientador educacional, utilizando o método de análise e síntese. Nesta fase foram lidas obras diversas e de renomados autores, tais como : Grinspun, Libanêo, Pimenta, Maia, Paulo Freire, dentre outros e simultaneamente foram feitos resumos para a realização de produções posteriores.
Na construção deste trabalho cientifico utilizou-se principalmente a pesquisa de campo, onde realizou-se uma entrevista acompanhada de questionários para ouvir alguns dos orientadores educacionais inseridos nas escolas públicas da cidade administrativa de Ceilândia-DF. O desenvolvimento da proposta pedagógica parte de uma análise da situação atual  acerca da orientação educacional através da qual procurou-se detectar a concepção dos atores (orientadores educacionais) das  escolas públicas de Ceilândia.
A pesquisa de campo foi aplicada em quatro  escolas, com o intuito de conhecer o papel destes profissionais no interior das escolas. Para tanto, foram questionados quatro orientadores educacionais configurando – se em uma etapa indispensável ao trabalho cientifico, por meio do qual coletaram – se dados que vieram a colaborar com a pesquisa aqui apresentada.
O roteiro foi composto de algumas perguntas abertas, que visavam investigar qual o papel do orientador no espaço escolar.


Resultados e discussão 


O primeiro questionamento realizado foi se existe algum documento na escola em que atua que pontue a função do orientador educacional. Todos os orientadores questionados afirmaram que não têm conhecimento da existência de nenhum documento que trata das funções desse profissional, porém eles sabem que assessorar os professores, aconselhar alunos em cooperação com professores e família, encaminhar os alunos a especialistas quando se fizer necessário,e etc... é um trabalho do orientador educacional.
Grinspun 2006 diz, que temos que definir as ações a serem desenvolvidas na Escola por um orientador competente e comprometido com as transformações sociais e com a história de seu tempo.
Para Grinspun 2006,  Hoje, a importância da orientação se dá pelo viés de termos na escola um profissional de educação, um especialista capaz de ajudar o aluno na sua formação ao máximo possível, que não se esgota apenas no racional, mas que engloba o sensível e o emocional.Diante disso questionou-se os entrevistados a respeito do seu relacionamento com os alunos? A maioria respondeu que tem um bom relacionamento com os alunos e que estão sempre a disposição dos mesmos, que as portas de suas salas estão sempre abertas e que os alunos confiam bastante e até desabafam sobre assuntos pessoais, familiares, entre outros.Já os outros orientadores afirmaram que até têm uma relação boa com os alunos mas, mantém-se distante para que os eles não confundam os papéis.
Ao presenciar o cotidiano da Orientação Educacional de uma escola, pode-se constatar a importância de um profissional da área para o bom funcionamento da escola, assim como um melhor aprendizado de seus alunos. A importância de se ter esse profissional atuando na escola nos remete a pensar que aqueles que não acreditam em seu trabalho não entendem o que significa cotidiano escolar e cultura organizacional.


Quais são suas funções para com os professores?


O.E. – Bimestralmente eles me entregam um plano ou proposta de trabalho que contém  todas as atividades que serão desenvolvidas no período. Esse plano relata os objetivos, conteúdos, metodologias, materiais, atividades curriculares e extra-curriculares.Os analiso e agendo um dia e horário para dar um feed back para o professor referente ao plano proposto por ele.Temos também a semana pedagógica que é realizada no inicio do ano letivo na qual desenvolvemos um trabalho de orientação e acompanhamento das atividades a serem realizados durante o ano letivo.
O trabalho do orientador encontra-se numa condição de atuação diferente do professor em sala de aula, mas essa diferença não implica desigualdade de condições de pensar o trabalho em que ambos estão envolvidos e para o qual convergem suas ações. Assim, é preciso assumir que a tarefa de orientador se insere num projeto coletivo, em que os trabalhos, sem perda da especificidade das funções e serviços, articulem-se em vista da mesma finalidade e dos mesmos objetivos educacionais.

E para com os alunos?


O.E. – Uns falaram que procuram conversar primeiro com os educadores e a partir das informações dadas por eles organizam uma agenda para que assim possa atender os alunos com dificuldades ou baixo rendimento escolar.E quando há necessidade, encaminham o aluno para o reforço,e lá o acompanham ou para um especialista quando o aluno apresenta distúrbio de aprendizagem. Outros disseram que além de acompanhar os alunos, professores e família também arquivam todos os documentos de todos os alunos da escola, e, a partir daí, prepara uma lista com o nome dos alunos que tiraram nota abaixo da média nas provas.Elaboram projetos interdisciplinares junto a equipe gestora, feira de ciência, entre outros.

Encarar o cotidiano como processo em que os conhecimentos, avanços e retrocessos são tecidos no interior dos múltiplos saberes e experiências que o permeiam é condição sine-qua-non para que a Orientação Educacional se constitua a partir de uma posição solidária de coordenação em que ninguém é proprietário de um conhecimento, mas sim responsável por um dos fios necessários à tessitura de unir o tapete de saberes e fazeres que só existirá com a troca/trançado de todos os fios necessários. (Alves & Garcia, 1999, p. 141).


Você se relaciona diretamente com os pais dos alunos? Como e quando isso acontece?


O.E. – Sim, quando isso se faz necessário. Eles procuram a escola ou entro em contato com eles por telefone e os convido a com parecer na escola para conversarmos e para que juntos Escola e Família possamos desenvolver um trabalho que venha a ajudar o aluno no seu desempenho escolar.Muitos pais e/ou responsáveis chegam à escola com dúvidas, medos e até receios.Sempre começo o diálogo falando dos aspectos positivos do aluno para não assustar ou afastar os pais da escola.Servimos um chá, um suco ou cafezinho durante a conversa para que esse pai essa mãe sinta-se a vontade e confie no nosso trabalho, afinal o nosso desejo maior também  é ajudar. Isso é bom porque eles a medida que eles, pais,  conversam com o orientador – pessoa responsável na escola pelo aluno – eles sentem que não estão sozinhos e então, passam a freqüentar mais vezes a Escola do seu filho, a tirar suas dúvidas em relação ao rendimento, comportamento, entre outros fatores, o que contribui significativamente tanto para o aluno quanto para a escola.


Considerações Finais


Hoje o Orientador Educacional, no discurso de GRINSPUN (2002), não atua mais por ser uma profissão que deva existir pela “obrigação”, pois na Lei 9394/96 não há a obrigatoriedade da Orientação, mas por efetiva consciência profissional, o orientador tem espaço próprio junto aos demais protagonistas da escola para um trabalho pedagógico integrado, compreendendo criticamente as relações que se estabelecem no processo educacional.” (GRINSPUN, 2002, p.28).
A autora relata a importância da interdisciplinaridade dentro da escola, em que o trabalho de todos é realizado em conjunto, conectado, no qual todos buscam os melhores processos e resultados (ibid, 2002). A Orientação tem que servir para esse novo tempo, no qual a educação lida com o real e suas perspectivas.

O principal papel da Orientação será ajudar o aluno na formação de uma cidadania crítica, e a escola, na organização e realização de seu projeto pedagógico. Isso significa ajudar nosso aluno ‘por inteiro’ (grifo da autora): com utopias, desejos e paixões. (...)a Orientação trabalha na escola em favor da cidadania, não criando um serviço de orientação (grifo da autora) para atender aos excluídos (...), mas para entendê-lo, através das relações que ocorrem (...) na instituição Escola. (GRINSPUN, 2002, p. 29).

Portanto, o centro de atenção máxima da escola deve ser o aluno. A escola existe em função dele, e, portanto, para ele. A sua organização em quaisquer dos seus aspectos, deve ter em vista a consideração do fim precípuo a que a escola se destina: a criação de condições e de situações favoráveis ao bem estar emocional do educando e o seu desenvolvimento em todos os sentidos: cognitivo, psicomotor e afetivo, a fim de que o mesmo adquira habilidades, conhecimentos e atitudes que lhe permitam fazer face às necessidades vitais e existenciais.
Na promoção destas condições e situações um dos fatores mais decisivos é o Orientador. Suas atitudes, práticas, desempenhos promovem um impacto significativo no educando, pois elas influem na imagem que os educandos formam da escola, no processo educativo em geral, na imagem de si mesmos, e , é claro, em aspectos particulares de sua aprendizagem. Portanto, toda atenção deve ser dada ao desenvolvimento de atitudes, habilidades e conhecimento do Orientador para que possa promover um processo educativo relevante.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ALVES, N. & GARCIA, R. Atravessando fronteiras e descobrindo (mais uma vez) a complexidade do mundo. In: ALVES, Nilda (Org.). O sentido da escola. Rio de Janeiro: DP&A/Sepe-RJ, 1999.

ANDRADE, Maria Margarida. Introdução à metodologia do trabalho cientifico, 6º ed. São Paulo: Atlas, 2003.

BICUDO, Maria Aparecida Viggini. Fundamentos de Orientação Educacional. São Paulo. 1978.

GRISPUN, Mirian P. S. Z. Orientação Educacional: Conflitos de paradigmas e alternativas para a escola. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 2006.

GRINSPUN, Mírian Paura. O espaço filosófico da orientação educacional na realidade brasileira. Rio de Janeiro: Rio Fundo, 1992.

LIBÂNEO, José Carlos & PIMENTA, Selma. Formação de profissionais da educação: visão crítica e perspectiva de mudança. In: Educação e Sociedade.Campinas: CEDES, no. 68, dez. 1999.

LÜCK, Heloísa. Plano Anual de Ação. In: Planejamento em orientação Educacional. Vozes, s/d, p. 43-67.

MAIA, Eny Marisa; GARCIA, Regina Leite. Uma orientação educacional nova para uma nova escola. 7.ed.São Paulo:Loyola,1995.

RANGEL, Mary. Supervisão: do sonho à ação – uma prática em transformação. In: FERREIRA, Naura Syria (Org.). Supervisão educacional para uma escola de qualidade.São Paulo: Cortez, 1999.

LIBÂNEO, José Carlos. Diretrizes curriculares da Pedagogia – um adeus à pedagogia e aos pedagogos? In: MONTEIRO, Aída et al. (Orgs.). Novas subjetividades, currículo, docência e questões pedagógicas na perspectiva da inclusão social.Recife: Anais do Endipe, 2006, p.213-242.

___. Pedagogia e pedagogos, para quê? São Paulo: Cortez, 2000.

___. Adeus professor, adeus professora? Novas exigências educacionais e profissão docente. São Paulo: Cortez, 1998.






[1] Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual do Maranhão. Especializanda em Gestão e Orientação Educacional pela Faculdade de Tecnologia Equipe Darwin.
[2] Professora orientadora. Especialista em Gestão Estratégica de Pessoas.