POEMA: PÉROLA, A NEGRA

 

PÉROLA, A NEGRA

                                                                 ( BEATRIZ REIS)

                                                      Na praça da cidade, 

O povo se reúne a bailar 

E surge uma voz tão doce, 

Que faz o mundo escutar

É Pérola, a menina negra, 

Com seu canto a brilhar! 

 

Pérola é menina gigante

Seu cabelo é floresta

Que o vento balança

Parece Dandara

Tem força de rio

E doçura de criança.

Seu sorriso é arco-íris após a chuva

Seus passos são de algodão, 

Quando ela dança e canta, 

Balança o chão do coração. 

Negra, forte e destemida, 

Ela não tem medo da opressão! 

 

Na escola ela é rainha, 

Gosta de ler e ensinar, 

Ajuda os coleguinhas, 

Não deixa ninguém desanimar

Com caderno e lápis na mão, 

Ela sonha em voar! 

Mas nem tudo é alegria, 

Pérola sabe o que é dor, 

Olhares de desconfiança, 

Palavras cheias de rancor. 

"Menina, volta pra senzala!" 

Mas, ela ergue a voz com amor: 

 

Minha cor tem sua história 

Minha voz é resistência, 

Não apagarão a nossa glória

Com racismo e  violência

Somos o mapa da memória

Negritude e permanência.

E segue a menina sábia, 

Com seu canto de paz, 

Espalhando sua alegria, 

Ela só quer  justiça e igualdade

E no fim dessa sinergia

Saborear o som da LIBERDADE.

 

Que seu nome ecoe longe, 

Nas ruas, nas escolas, no céu, 

Pérola, menina negra, 

É verso, é dança, é véu. 

Enquanto houver desrespeito, 

Ela canta: Eu luto, eu creio, eu sou fiel!

Pérola, estrela-guia

Tua força nos contagia

Tua voz é referência

E não cabe em padrões inventados

Pérola, é constelação

De um povo coroado.